Na certeza de que seu familiar morrera envenenado, um conterrâneo nosso, conseguiu após 3 meses de luta na justiça, que fosse feito uma autópsia no corpo do cadáver de seu parente.
A perícia técnica chegou em Guidoval, subiu a Rua da Saudade e entrou o nosso campo santo, onde repousam saudosos antepassados e amigos apressados.
A autoridade da Medicina Legal solicitou ao coveiro para desenterrar o corpo da suposta vítima, suspeita de não ter falecido de causas naturais. Aliás, não compreendo este termo "morte natural". Para mim a morte é sobrenatural.
O coveiro, funcionário público municipal, não quis nem saber da ordem da autoridade e respondeu :
- Oiá , doutô eu sou pago para enterrar e não prá desenterrar defunto.
Não houve argumento suficiente para fazê-lo mudar a sua idéia.
Chamaram o Zé Carangola que executou o serviço.
O coveiro, como todo bom curioso; acompanhou de perto todo o trabalho.
Eu até acho que o coveiro está certo.
Coveiro é para enterrar. Para desenterrar talvez fosse necessário contratar um descoveiro. Ou dez-coveiros ?
Daí, talvez; a explicação para o matagal existente no cemitério. Capinar, também; parece que não é função do zeloso coveiro municipal.