Nem que doa
(De um lamento democrático do político
Ulisses Guimarães)
Clamarei a liberdade,
nem que doa,
nem que doa,
justiça vou implorar.
Vou buscar toda verdade,
nem que doa,
nem que doa,
à terra e ao luar.
Nem que doa, meu amor,
nem que doa irei te amar,
nem que doa "meu senhor",
minha canoa vou remar.
Contra a corrente lutarei,
nem que doa,
nem que doa,
e esta batalha
me custe o último suor.
Nem que doa, meu sonho-mar,
nem que doa, minha mortalha-altar,
nem que doa, meu suspiro maior.
Nem que doa,
a minha derradeira dor,
nem que doa a minha concepção de ser,
nem que doa,
o meu jeito de impor,
nem que doa,
o meu cálice de prazer.
Nem que doa, meu amor,
nem que doa irei te amar,
nem que doa "meu senhor",
minha canoa vou remar.